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quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Mensagem do Papa Bento XVI para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude 2013

 «Ide e fazei discípulos entre as nações!» (cf. Mt 28,19)

Queridos jovens,
Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa da Jornada Mundial da Juventude em Madri mais «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de 2013.

Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite para participardes nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se eleva sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com tantos outros jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo precisa.

Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial do Rio de Janeiro, meditando desde já sobre o tema do encontro: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual ainda hoje, dois mil anos depois. Agora este mandato deve ressoar fortemente em vosso coração. O ano de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã». Por isso me alegro que também vós, queridos jovens, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.
1. Uma chamada urgente

A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande entusiasmo, levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo, com meios e possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje em dia. Penso, por exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI, que partiu em missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou um grande apóstolo do Novo Mundo. Mas penso também em tantos de vós que se dedicam generosamente à missão da Igreja: disto mesmo tive um testemunho surpreendente na Jornada Mundial de Madri, em particular na reunião com os voluntários.

Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão, nos fazendo compreender que toda existência tem um valor inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d'Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus discípulos para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e de vida nova.

A Igreja, para continuar esta missão de evangelização, conta também convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio dos jovens da vossa idade! No final do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI entregou aos jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que começava com estas palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela». E concluía com um apelo: «Construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados!» (Mensagem aos jovens, 8 de dezembro de 1965).
Queridos amigos, este convite é extremamente atual. Estamos passando por um período histórico muito particular: o progresso técnico nos deu oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos, mas a globalização destas relações só será positiva e fará crescer o mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as pessoas. Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem esperança e se torna incapaz de amar seu semelhante. Por isso é urgente testemunhar a presença de Deus para que todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da humanidade, a salvação de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1 Cor 9,16).
2. Tornai-vos discípulos de Cristo

Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio, 2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos maduros. O compromisso missionário é uma dimensão essencial da fé: não se crê verdadeiramente, se não se evangeliza. E o anúncio do Evangelho não pode ser senão consequência da alegria de ter encontrado Cristo e ter descoberto n'Ele a rocha sobre a qual construir a própria existência. Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do Evangelho, a vossa vida, muitas vezes fragmentada entre tantas atividades diversas, encontrará no Senhor a sua unidade; construir-vos-eis também a vós mesmos; crescereis e amadurecereis em humanidade.

Mas, que significa ser missionário? Significa acima de tudo ser discípulo de Cristo e ouvir sem cessar o convite a segui-Lo, o convite a fixar o olhar n'Ele: «Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma amizade com Ele.
Aconselho-vos a guardar na memória os dons recebidos de Deus, para poder transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a vossa história pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido das gerações que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com coragem, enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos jamais! Fazemos parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos transmitiram a verdade da fé e contam conosco para que outros a recebam. Ser missionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar. Como escrevi na introdução do YouCat, o Catecismo para jovens que vos entreguei no Encontro Mundial de Madri, «tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação» (Prefácio).
3. Ide!

Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido pelos demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou d'Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais queremos falar d'Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar outras pessoas para Ele.
Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão: Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai que este amor vença a tendência de fechar-se no próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de «sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de Deus.
4. Alcançai todos os povos

Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E constituiu uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico do Evangelho até os confins da terra, a fim de alcançar os homens e as mulheres de todos os lugares e de todos os tempos. Façamos nosso esse desejo de Deus!
Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa de também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse amor imenso, para que alcance a todos, especialmente aos «afastados». Alguns encontram-se geograficamente distantes, enquanto outros estão longe porque a sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido, vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do nosso coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os «povos», aos quais somos enviados, não são apenas os outros Países do mundo, mas também os diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos os âmbitos da nossa vida, sem exceção.
Gostaria de destacar dois campos, nos quais deve fazer-se ainda mais solícito o vosso empenho missionário. O primeiro é o das comunicações sociais, em particular o mundo da internet. Como tive já oportunidade de dizer-vos, queridos jovens, «senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste "continente digital"» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio, levando em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por contatos na rede.
O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre mais numerosos os jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho, seja por diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que levam milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de Região ou País, por razões econômicas ou sociais. Também estes fenômenos podem se tornar ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho. Queridos jovens, não tenhais medo de testemunhar a vossa fé também nesses contextos: para aqueles com quem vos deparareis, é um dom precioso a comunicação da alegria do encontro com Cristo.
5. Fazei discípulos!

Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados e incapazes. Que fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a simplicidade do vosso testemunho serão um canal através do qual Deus poderá tocar seu coração. O anúncio de Cristo não passa somente através das palavras, mas deve envolver toda a vida e traduzir-se em gestos de amor. A ação de evangelizar nasce do amor que Cristo infundiu em nós; por isso, o nosso amor deve conformar-se sempre mais ao d'Ele. Como o bom Samaritano, devemos manter-nos solidários com quem encontramos, sabendo escutar, compreender e ajudar, para conduzir, quem procura a verdade e o sentido da vida, à casa de Deus que é a Igreja, onde há esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37). Queridos amigos, nunca esqueçais que o primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo é partilhar a fonte da nossa esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos seus apóstolos, Jesus ordena: «Fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei» (Mt 28,19-20). Os meios que temos para «fazer discípulos» são principalmente o Batismo e a catequese. Isto significa que devemos conduzir as pessoas que estamos evangelizando ao encontro com Cristo vivo, particularmente na sua Palavra e nos Sacramentos: assim poderão crer n'Ele, conhecerão a Deus e viverão da sua graça. Gostaria que cada um de vós se perguntasse: Alguma vez tive a coragem de propor o Batismo a jovens que ainda não o receberam? Convidei alguém a seguir um caminho de descoberta da fé cristã? Queridos amigos, não tenhais medo de propor aos jovens da vossa idade o encontro com Cristo. Invocai o Espírito Santo: Ele vos guiará para entrardes sempre mais no conhecimento e no amor de Cristo, e vos tornará criativos na transmissão do Evangelho.
 
6. Firmes na fé

Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé, não tenhais medo. A evangelização não é uma iniciativa nossa nem depende primariamente dos nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente à chamada de Deus, e portanto não se baseia sobre a nossa força, mas na d'Ele. Isso mesmo experimentou o apóstolo Paulo: «Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós» (2 Cor 4,7).
Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e nos sacramentos. A evangelização autêntica nasce sempre da oração e é sustentada por esta: para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus. E, na oração, confiamos ao Senhor as pessoas às quais somos enviados, suplicando-Lhe que toque o seu coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne seus instrumentos para a salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que coloque as palavras nos nossos lábios e faça de nós sinais do seu amor. E, de modo mais geral, rezamos pela missão de toda a Igreja, de acordo com a ordem explícita de Jesus: «Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!» (Mt 9,38). Sabei encontrar na Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho cristão, participando com fidelidade na Missa ao domingo e sempre que possível também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não o recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou Crisma preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia, esse é o sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do Espírito Santo para professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à prática da adoração eucarística: permanecer à escuta e em diálogo com Jesus presente no Santíssimo Sacramento, torna-se ponto de partida para um renovado impulso missionário.
Se seguirdes este caminho, o próprio Cristo vos dará a capacidade de ser plenamente fiéis à sua Palavra e de testemunhá-Lo com lealdade e coragem. Algumas vezes sereis chamados a dar provas de perseverança, particularmente quando a Palavra de Deus suscitar reservas ou oposições. Em certas regiões do mundo, alguns de vós sofrem por não poder testemunhar publicamente a fé em Cristo, por falta de liberdade religiosa. E há quem já tenha pagado com a vida o preço da própria pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer firmes na fé, certos de que Cristo está ao vosso lado em todas as provas. Ele vos repete: «Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,11-12).

7. Com toda a Igreja

Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode ser testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em missão os seus discípulos juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no plural. Assim, é sempre como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso testemunho, e a nossa missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos na Igreja: seremos reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e o amor que tivermos uns com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao Senhor pela preciosa obra de evangelização que realizam as nossas comunidades cristãs, as nossas paróquias, os nossos movimentos eclesiais. Os frutos desta evangelização pertencem a toda a Igreja: «um é o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus (Jo 4,37).
A propósito, não posso deixar de dar graças pelo grande dom dos missionários, que dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho até os confins da terra. Do mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os consagrados, que ofertam inteiramente as suas vidas para que Jesus Cristo seja anunciado e amado. Desejo aqui encorajar os jovens chamados por Deus a alguma dessas vocações, para que se comprometam com entusiasmo: «Há mais alegria em dar do que em receber!» (At 20,35). Àqueles que deixam tudo para segui-Lo, Jesus prometeu o cêntuplo e a vida eterna (cf. Mt 19,29).
Dou graças também por todos os fiéis leigos que se empenham por viver o seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se encontram, tanto em família como no trabalho, para que Cristo seja amado e cresça o Reino de Deus. Penso particularmente em quantos atuam no campo da educação, da saúde, do mundo empresarial, da política e da economia, e em tantos outros âmbitos do apostolado dos leigos. Cristo precisa do vosso empenho e do vosso testemunho. Que nada – nem as dificuldades, nem as incompreensões – vos faça renunciar a levar o Evangelho de Cristo aos lugares onde vos encontrais: cada um de vós é precioso no grande mosaico da evangelização!

8. «Aqui estou, Senhor!»

Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja, como São Francisco Xavier e muitos outros.

No final da Jornada Mundial da Juventude em Madri, dei a bênção a alguns jovens de diferentes continentes que partiam em missão. Representavam a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do profeta Isaías, diziam ao Senhor: «Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A Igreja tem confiança em vós e vos está profundamente grata pela alegria e o dinamismo que trazeis: usai os vossos talentos generosamente ao serviço do anúncio do Evangelho. Sabemos que o Espírito Santo se dá a quantos, com humildade de coração, se tornam disponíveis para tal anúncio. E não tenhais medo! Jesus, Salvador do mundo, está conosco todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).

Dirigido aos jovens de toda a terra, este apelo assume uma importância particular para vós, queridos jovens da América Latina. De fato, na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram uma «missão continental». E os jovens, que constituem a maioria da população naquele continente, representam uma força importante e preciosa para a Igreja e para a sociedade. Por isso sede vós os primeiros missionários. Agora que a Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina, exorto todos os jovens do continente: transmiti aos vossos coetâneos do mundo inteiro o entusiasmo da vossa fé.

A Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, também invocada sob os títulos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe, acompanhe cada um de vós em vossa missão de testemunhas do amor de Deus. A todos, com especial carinho, concedo a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 18 de outubro de 2012.
BENEDICTUS PP XVI
 

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TEXTO INÉDITO DO PAPA BENTO XVI
PUBLICADO POR OCASIÃO DO 50º ANIVERSÁRIO
DO INÍCIO DO CONCÍLIO VATICANO II


Foi um dia maravilhoso aquele 11 de Outubro de 1962 quando, com a entrada solene de mais de dois mil Padres conciliares na Basílica de São Pedro em Roma, se abriu o Concílio Vaticano II. Em 1931, Pio XI colocara no dia 11 de Outubro a festa da Maternidade Divina de Maria, em recordação do facto que mil e quinhentos anos antes, em 431, o Concílio de Éfeso tinha solenemente reconhecido a Maria esse título, para expressar assim a união indissolúvel de Deus e do homem em Cristo. O Papa João XXIII fixara o início do Concílio para tal dia com o fim de confiar a grande assembleia eclesial, por ele convocada, à bondade materna de Maria e ancorar firmemente o trabalho do Concílio no mistério de Jesus Cristo. Foi impressionante ver entrar os bispos provenientes de todo o mundo, de todos os povos e raças: uma imagem da Igreja de Jesus Cristo que abraça todo o mundo, na qual os povos da terra se sentem unidos na sua paz.

Foi um momento de expectativa extraordinária pelas grandes coisas que deviam acontecer. Os concílios anteriores tinham sido quase sempre convocados para uma questão concreta à qual deviam responder; desta vez, não havia um problema particular a resolver. Mas, por isso mesmo, pairava no ar um sentido de expectativa geral: o cristianismo, que construíra e plasmara o mundo ocidental, parecia perder cada vez mais a sua força eficaz. Mostrava-se cansado e parecia que o futuro fosse determinado por outros poderes espirituais. Esta percepção do cristianismo ter perdido o presente e da tarefa que daí derivava estava bem resumida pela palavra «actualização»: o cristianismo deve estar no presente para poder dar forma ao futuro. Para que pudesse voltar a ser uma força que modela o porvir, João XXIII convocara o Concílio sem lhe indicar problemas concretos ou programas. Foi esta a grandeza e ao mesmo tempo a dificuldade da tarefa que se apresentava à assembleia eclesial.

Obviamente, cada um dos episcopados aproximou-se do grande acontecimento com ideias diferentes. Alguns chegaram com uma atitude mais de expectativa em relação ao programa que devia ser desenvolvido. Foi o episcopado do centro da Europa – Bélgica, França e Alemanha – que se mostrou mais decidido nas ideias. Embora a ênfase no pormenor se desse sem dúvida a aspectos diversos, contudo havia algumas prioridades comuns. Um tema fundamental era a eclesiologia, que devia ser aprofundada sob os pontos de vista da história da salvação, trinitário e sacramental; a isto vinha juntar-se a exigência de completar a doutrina do primado do Concílio Vaticano I através duma valorização do ministério episcopal. Um tema importante para os episcopados do centro da Europa era a renovação litúrgica, que Pio XII já tinha começado a realizar. Outro ponto central posto em realce, especialmente pelo episcopado alemão, era o ecumenismo: o facto de terem suportado juntos a perseguição da parte do nazismo aproximara muito os cristãos protestantes e católicos; agora isto devia ser compreendido e levado por diante a nível de toda a Igreja. A isto acrescentava-se o ciclo temático Revelação-Escritura-Tradição-Magistério. Entre os franceses, foi sobressaindo cada vez mais o tema da relação entre a Igreja e o mundo moderno, isto é, o trabalho sobre o chamado «Esquema XIII», do qual nasceu depois a Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Atingia-se aqui o ponto da verdadeira expectativa suscitada pelo Concílio. A Igreja, que ainda na época barroca tinha em sentido lato plasmado o mundo, a partir do século XIX entrou de modo cada vez mais evidente numa relação negativa com a era moderna então plenamente iniciada. As coisas deviam continuar assim? Não podia a Igreja cumprir um passo positivo nos tempos novos? Por detrás da vaga expressão «mundo de hoje», encontra-se a questão da relação com a era moderna; para a esclarecer, teria sido necessário definir melhor o que era essencial e constitutivo da era moderna. Isto não foi conseguido no «Esquema XIII». Embora a Constituição pastoral exprima muitas elementos importantes para a compreensão do «mundo» e dê contribuições relevantes sobre a questão da ética cristã, no referido ponto não conseguiu oferecer um esclarecimento substancial.

Inesperadamente, o encontro com os grandes temas da era moderna não se dá na grande Constituição pastoral, mas em dois documentos menores, cuja importância só pouco a pouco se foi manifestando com a recepção do Concílio. Trata-se antes de tudo da Declaração sobre a liberdade religiosa, pedida e preparada com grande solicitude sobretudo pelo episcopado americano. A doutrina da tolerância, tal como fora pormenorizadamente elaborada por Pio XII, já não se mostrava suficiente face à evolução do pensamento filosófico e do modo se concebia como o Estado moderno. Tratava-se da liberdade de escolher e praticar a religião e também da liberdade de mudar de religião, enquanto direitos fundamentais na liberdade do homem. Pelas suas razões mais íntimas, tal concepção não podia ser alheia à fé cristã, que entrara no mundo com a pretensão de que o Estado não poderia decidir acerca da verdade nem exigir qualquer tipo de culto. A fé cristã reivindicava a liberdade para a convicção religiosa e a sua prática no culto, sem com isto violar o direito do Estado no seu próprio ordenamento: os cristãos rezavam pelo imperador, mas não o adoravam. Sob este ponto de vista, pode-se afirmar que o cristianismo, com o seu nascimento, trouxe ao mundo o princípio da liberdade de religião. Todavia a interpretação deste direito à liberdade no contexto do pensamento moderno ainda era difícil, porque podia parecer que a versão moderna da liberdade de religião pressupusesse a inacessibilidade da verdade ao homem e, consequentemente, deslocasse a religião do seu fundamento para a esfera do subjectivo. Certamente foi providencial que, treze anos depois da conclusão do Concílio, tivesse chegado o Papa João Paulo II de um país onde a liberdade de religião era contestada pelo marxismo, ou seja, a partir duma forma particular de filosofia estatal moderna. O Papa vinha quase duma situação que se parecia com a da Igreja antiga, de modo que se tornou de novo visível o íntimo ordenamento da fé ao tema da liberdade, sobretudo a liberdade de religião e de culto.

O segundo documento, que se havia de revelar depois importante para o encontro da Igreja com a era moderna, nasceu quase por acaso e cresceu com sucessivos estratos. Refiro-me à declaração Nostra aetate, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs. Inicialmente havia a intenção de preparar uma declaração sobre as relações entre a Igreja e o judaísmo – um texto que se tornou intrinsecamente necessário depois dos horrores do Holocausto (shoah). Os Padres conciliares dos países árabes não se opuseram a tal texto, mas explicaram que se se queria falar do judaísmo, então era preciso dedicar também algumas palavras ao islamismo. Quanta razão tivessem a este respeito, só pouco a pouco o fomos compreendendo no ocidente. Por fim cresceu a intuição de que era justo falar também doutras duas grandes religiões – o hinduísmo e o budismo – bem como do tema da religião em geral. A isto se juntou depois espontaneamente uma breve instrução relativa ao diálogo e à colaboração com as religiões, cujos valores espirituais, morais e socioculturais deviam ser reconhecidos, conservados e promovidos (cf. n. 2). Assim, num documento específico e extraordinariamente denso, inaugurou-se um tema cuja importância na época ainda não era previsível. Vão-se tornando cada vez mais evidentes tanto a tarefa que o mesmo implica como a fadiga ainda necessária para tudo distinguir, esclarecer e compreender. No processo de recepção activa, foi pouco a pouco surgindo também uma debilidade deste texto em si extraordinário: só fala da religião na sua feição positiva e ignora as formas doentias e falsificadas de religião, que têm, do ponto de vista histórico e teológico um vasto alcance; por isso, desde o início, a fé cristã foi muito crítica em relação à religião, tanto no próprio seio como no mundo exterior.

Se, ao início do Concílio, tinham prevalecido os episcopados do centro da Europa com os seus teólogos, nas sucessivas fases conciliares o leque do trabalho e da responsabilidade comuns foi-se alargando cada vez mais. Os bispos reconheciam-se aprendizes na escola do Espírito Santo e na escola da colaboração recíproca, mas foi precisamente assim que se reconheceram servos da Palavra de Deus que vivem e trabalham na fé. Os Padres conciliares não podiam nem queriam criar uma Igreja nova, diversa. Não tinham o mandato nem o encargo para o fazer: eram Padres do Concílio com uma voz e um direito de decisão só enquanto bispos, quer dizer em virtude do sacramento e na Igreja sacramental. Então não podiam nem queriam criar uma fé diversa ou uma Igreja nova, mas compreendê-las a ambas de modo mais profundo e, consequentemente, «renová-las» de verdade. Por isso, uma hermenêutica da ruptura é absurda, contrária ao espírito e à vontade dos Padres conciliares.

No cardeal Frings, tive um «pai» que viveu de modo exemplar este espírito do Concílio. Era um homem de significativa abertura e grandeza, mas sabia também que só a fé guia para se fazer ao largo, para aquele horizonte amplo que resta impedido ao espírito positivista. É esta fé que queria servir com o mandato recebido através do sacramento da ordenação episcopal. Não posso deixar de lhe estar sempre grato por me ter trazido – a mim, o professor mais jovem da Faculdade teológica católica da universidade de Bonn – como seu consultor na grande assembleia da Igreja, permitindo que eu estivesse presente nesta escola e percorresse do interior o caminho do Concílio. Este livro reúne os diversos escritos, com os quais pedi a palavra naquela escola; trata-se de pedidos de palavra totalmente fragmentários, dos quais transparece o próprio processo de aprendizagem que o Concílio e a sua recepção significaram e ainda significam para mim. Em todo o caso espero que estes vários contributos, com todos os seus limites, possam no seu conjunto ajudar a compreender melhor o Concílio e a traduzi-lo numa justa vida eclesial. Agradeço sentidamente ao arcebispo Gerhard Ludwig Müller e aos colaboradores do Institut Papst Benedikt XVI pelo extraordinário compromisso que assumiram para realizar este livro.

Castel Gandolfo, na memória do bispo Santo Eusébio de Vercelas, 2 de Agosto de 2012.


BENTO XVI

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que é a Fé?luz01
A primeira e mais básica resposta à pergunta do título poderá, sem dúvida, ser formulada do seguinte modo: a fé é uma determinada atitude dos humanos. Como tal, é bem começar por uma descrição breve das caraterísticas dessa atitude, que aliás são partilhadas por todos os tipos de fé, religiosa ou não, cristã ou não.
A atitude humana que melhor pode descrever a atitude de fé é a da confiança. Ter fé é, no sentido mais básico, confiar em algo ou alguém diferente de nós mesmos. Assim, opõem-se-lhe duas atitudes: a da desconfiança total, que levaria, em muitos casos, ao desespero; ou a da autoconfiança total, ou seja, a da confiança apenas em nós mesmos. Portanto, a fé pressupõe capacidade de confiar e capacidade de confiar noutros.
A confiança noutros implica, ao mesmo tempo, a capacidade de receber algo, reconhecendo que não podemos conquistar e produzir tudo o que somos e temos por nós mesmos. Porque quem confia em alguém mais do que em si mesmo, sabe que há dimensões da vida que só esse alguém, em quem se confia, pode dar.
O caso mais gritante é o do bebé, que confia na sua mãe ou no seu pai, relativamente a tudo o que tem a ver com a sua existência. Não considera, ainda – como acontecerá depois com muitos adultos – que é autossuficiente e que merece, pelo seu trabalho, aquilo que tem. O que tem e o que é, sente-o como dádiva permanente dos pais e confia nessa dádiva, despreocupadamente.
A atitude do bebé aproxima-nos de um nível de fé importante: o que se relaciona com o fundamento da nossa existência, seja quanto à sua origem seja quanto ao seu futuro. Porque não somos nós que nos damos a nós mesmos nem que garantimos o nosso próprio futuro. Assim sendo, ou desesperamos desconfiadamente da nossa existência, perante o perigo de deixar de ser, ou confiamos numa dádiva permanente do ser. Esse será o nível mais profundo da fé, relativamente ao sentido primeiro e último da existência de cada um, que é acolhido como uma dádiva milagrosa e imerecida. Ter fé é acolher a existência como dádiva gratuita de outro.
Mas, a este nível, esse Outro em que se confia é ainda muito indefinido. É apenas o próprio mistério de sermos – alguns diriam, «por acaso». Aceitar que há um Deus pessoal que nos origina e nos quer na vida, dando-nos gratuitamente essa vida, para que a aceitemos, mesmo quando é dura e parece não fazer sentido – isso é já uma modalidade religiosa ou teológica da confiança. A fé, então, torna-se fé teológica. Mas o Deus que nos dá a nós mesmos é, ainda, uma entidade muito vaga.
Aceitar que esse Deus, que dá a vida e nos dá para a vida, vive connosco, se revela e nos liberta da morte em Jesus Cristo, é confiar de modo cristão. Ter fé cristã é, portanto, aceitar que Deus, em Jesus Cristo, nos dá a vida, para além da morte e para além de todas a nossas capacidades de a conquistar. Isso permite uma atitude de confiança que abre à esperança, para além de todo o absurdo aparente. E, ao mesmo tempo, implica o conhecimento de que o único caminho dessa esperança é a caridade, como dádiva da vida ao outro. Ou seja, a fé cristã está sempre ligada às outras duas virtudes teologais, pois só assim o dinamismo do acolhimento da vida dada por Deus é possível.
A confiança fundamental que determina a atitude de fé do cristão implica, ao mesmo tempo, a confissão convicta de um conjunto de afirmações sobre Deus e sobre os humanos, a que chamamos Credo ou símbolo da fé. Nessas afirmações condensa-se a descrição da nossa confiança e dos seus motivos. Por isso, a confissão explícita de fé é imprescindível à atitude crente, mesmo que a sua formulação linguística deva tudo ás linguagens humanas. E essa confissão, assim como a atitude correspondente, vive-se num leque de relações comunitárias, que nos ligam aos outros crentes, do nosso tempo e de outras gerações, assim como aos próprios não-crentes. Ou seja, não há fé cristã se não for inserida num dinamismo comunitário e numa tradição. Se assim não fosse, a fé seria puro sentimento individual e subjetivo, de iniciativa própria e para auto realização pessoal. Mas, ao assim ser, negava-se a si mesma, pois negava a básica atitude de confiança no outro, mais do que em si mesmo.
João Manuel Duque, in Ecclesia, 25-09-2012

Ano da fé 2012

Quem o promulgou?
O Santo Padre Bento XVI.
Porquê um ANO DA FÉ?
Para colocar no centro da atenção eclesial aquilo que, desde o início do pontificado do Santo Padre, tem sempre presente: “o encontro com Jesus Cristo e a beleza da fé n’Ele”.
«O Ano da Fé quer contribuir para uma conversão renovada ao Senhor Jesus e à redescoberta da fé, para que todos os membros da Igreja sejam testemunhas credíveis e alegres do Senhor ressuscitado no mundo de hoje, capazes de indicar a “porta da fé” a tantas pessoas que estão em busca.»
Qual a sua duração?
O início do Ano da Fé está marcado para 11 de Outubro de 2012 e termina a 24 de Novembro de 2013.
Porquê nestas datas?
O dia 11 de Outubro de 2012 assinala o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965) e os vinte anos da promulgação do Catecismo da Igreja Católica (1992).
No dia 24 de Novembro de 2013, domingo, celebra-se a Festa de Cristo Rei.
Quem é convidado a celebrar o Ano da Fé?
“...para que todos os membros da Igreja...”
A título individual, cada pessoa que se sente Membro da Igreja. Mas também toda a Igreja, as Conferências Episcopais, as Dioceses, as Paróquias, as comunidades, as associações e movimentos.
Justifica-se um Ano da Fé?
Há uma profunda crise da fé que atingiu muitas pessoas e os valores e conteúdos da fé são cada vez menos vividos, compartilhados ou aceites na sociedade.
Por isso se torna necessária “uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, dando oportunidade a que cada cristão possa redescobrir o caminho da fé, evidenciando com a sua vida a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo”.
Como pode cada pessoa participar?
- Reflectir e aprofundar a sua fé;
- Ler e meditar atentamente a Carta Apostólica Porta Fidei, de Bento XVI;
- Rever o Catecismo da Igreja Católica e os textos principais do Concílio Vaticano II;
- Participar e colaborar nas actividades que a Diocese, a Paróquia, a comunidade, os movimentos realizam no Ano da Fé.
 
Carta Apostólica Porta Fidei
Para ler a carta apostólica completa clique aqui.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Em dia de todos os Santos e SantasPDFVersão para impressãoEnviar por E-mail



 
papa_joao_paulo_ii"Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e tênis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de Santos que coloquem Deus em
primeiro lugar, mas que se "lascam" na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade.
Precisamos de Santos modernos, Santos do século XXI com uma espiritualidade inserida em nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam Coca-Cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc-man.
Precisamos de Santos que amem a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refrigerante ou comer pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de esporte.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
" Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo mas que não sejam mundanos"


(João Paulo II) Carta aos Jovens!!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

«Para um renovado dinamismo missionário»

 
Papa Bento XVINa celebração eucarística de encerramento do Sínodo, neste domingo, 28 de Outubro, Bento XVI afirmou que «a Igreja tem o dever de evangelizar, de anunciar a mensagem da salvação aos homens que ainda não conhecem Jesus Cristo».
Na sua homilia, partindo do episódio da cura do cego Bartimeu, o Papa relacionou a situação do cego com a situação do homem que tem necessidade da luz da fé para caminhar pela estrada da vida: «Bartimeu não é cego de nascença, mas perdeu a vista: é o homem que perdeu a luz e está ciente disso, mas não perdeu a esperança. Num de seus escritos, Santo Agostinho interpreta Bartimeu como pessoa decaída duma condição de grande prosperidade e nos convida a refletir sobre o fato de que há riquezas preciosas na nossa vida que podemos perder e que não são materiais».
Acrescentou Bento XVI que «nesta perspectiva, Bartimeu poderia representar aqueles que vivem em regiões de antiga evangelização, onde a luz da fé se debilitou, e se afastaram de Deus. São pessoas que deste modo perderam uma grande riqueza, decaíram duma alta dignidade – não económica ou de poder terreno, mas a dignidade cristã –, perderam a orientação segura e firme da vida e tornaram-se, muitas vezes inconscientemente, mendigos no sentido da existência».
Frisou ainda que «são muitas as pessoas que precisam de uma nova evangelização, ou seja, de um novo encontro com Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, que pode voltar a abrir os seus olhos e ensinar-lhes a estrada. A nova evangelização diz respeito a toda a vida da Igreja. Refere-se, em primeiro lugar, à pastoral ordinária que deve ser mais animada pelo fogo do Espírito a fim de incendiar os corações dos fiéis que frequentam regularmente a comunidade reunindo-se no dia do Senhor para se alimentarem de sua Palavra e do Pão de vida eterna».
Seguidamente o Papa sublinhou as três linhas pastorais que emergiram do Sínodo: «A primeira diz respeito aos sacramentos da iniciação cristã». A segunda é que «a nova evangelização está essencialmente ligada à missão ad gentes. A Igreja tem o dever de evangelizar, de anunciar a mensagem da salvação aos homens que ainda não conhecem Jesus Cristo». «Por isso, é preciso pedir ao Espírito Santo que suscite na Igreja um renovado dinamismo missionário, cujos protagonistas sejam, de modo especial, os agentes pastorais e os fiéis leigos. A globalização provocou um notável deslocamento de populações, pelo que se impõe a necessidade do primeiro anúncio também nos países de antiga evangelização».
A terceira linha pastoral, no entender de Bento XVI, diz respeito aos batizados que não vivem as exigências do Batismo: «Durante os trabalhos sinodais, foi posto em evidência que estas pessoas se encontram em todos os continentes, especialmente nos países secularizados. A Igreja dedica-lhes uma atenção especial, para que encontrem de novo Jesus Cristo, redescubram a alegria da fé e voltem à prática religiosa na comunidade dos fiéis. Para além dos métodos tradicionais de pastoral, sempre válidos, a Igreja procura lançar mão de novos métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às diversas culturas do mundo, para implementar um diálogo de simpatia e amizade que se fundamenta em Deus que é Amor».

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Seguindo o ciclo de catequeses que anunciou na quarta-feira passada pela ocasião do Ano da Fé, o Papa Bento XVI dedicou a audiência geral desta manhã a responder à pergunta: O que é a fé?

Diante dos 30 mil fiéis reunidos na Praça de São Pedro que ainda exibe as imagens dos 7 novos Santos canonizados no domingo, o Santo Padre disse que "hoje queria refletir com vocês sobre o elementar: o que é a fé? Tem sentido a fé em um mundo onde a ciência e a tecnologia abriram novos horizontes até recentemente impensáveis? O que significa acreditar hoje em dia?"

"De fato, no nosso tempo é necessária uma renovada educação para a fé, que inclua um certo conhecimento das suas verdades e dos eventos da salvação, mas que sobretudo nasça de um verdadeiro encontro com Deus em Jesus Cristo, de amá-lo, de confiar Nele, de modo que toda a vida seja envolvida".

Falando dos diversos desafios que apresenta o mundo atual e que geram uma espécie de "deserto espiritual", Papa ressaltou que apesar dos avanços da ciência, "hoje o homem não parece tornar-se verdadeiramente livre, mais humano; permanecem tantas formas de exploração, de manipulação, de violência, de abusos, de injustiça...Um certo tipo de cultura, então, educou a mover-se somente no horizonte das coisas, do factível, a crer comente no que se vê e se toca com as próprias mãos".

“Por outro lado, porém, cresce também o número daqueles que se sentem desorientados e, na tentativa de ir além de uma visão somente horizontal da realidade, estão dispostos a crer em tudo e no seu contrário. Neste contexto, surgem algumas perguntas fundamentais, que são muito mais concretas do que parecem à primeira vista: que sentido tem viver? Há um futuro para o homem, para nós e para as novas gerações? Em que direção orientar as escolhas da nossa liberdade para um êxito bom e feliz da vida? O que nos espera além do limiar da morte?"

“Destas perguntas insuprimíveis, aparece como o mundo do planejamento, do cálculo exato e do experimento, em uma palavra o saber da ciência, embora importante para a vida do homem, sozinho não basta. Nós precisamos não somente do pão material, precisamos de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajuda a viver com um senso autêntico também nas crises, na escuridão, nas dificuldades e nos problemas cotidianos”.

A fé, definiu o Pontífice “é um confiante confiar em um “Tu”, que é Deus, o qual me dá uma certeza diversa, mas não menos sólida daquela que me vem do cálculo exato ou da ciência".

A fé, prosseguiu o Santo Padre "um simples consentimento intelectual do homem e da verdade particular sobre Deus; é um ato com o qual confio livremente em um Deus que é Pai e me ama; é adesão a um “Tu” que me dá esperança e confiança".

"Certamente esta adesão a Deus não é privada de conteúdo: com essa sabemos que Deus mesmo se mostrou a nós em Cristo, fez ver a sua face e se fez realmente próximo a cada um de nós. Mais, Deus revelou que o seu amor pelo homem, por cada um de nós, é sem medida: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem, nos mostra do modo mais luminoso a que ponto chega este amor, até a doação de si mesmo, até o sacrifício total".

Bento XVI explicou que "com o Mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce até o fundo na nossa humanidade para trazê-la de volta a Ele, para elevá-la à sua altura. A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do homem, diante do mal e da morte, mas é capaz de transformar cada forma de escravidão, dando a possibilidade da salvação".

“Penso que deveríamos meditar mais vezes – na nossa vida cotidiana, caracterizada por problemas e situações às vezes dramáticas – sobre o fato de que crer de forma cristã significa este abandonar-me com confiança ao sentido profundo que apoia a mim e ao mundo, aquele sentido que nós não somos capazes de dar, mas somente de receber como dom, e que é o fundamento sobre o qual podemos viver sem medo. E esta certeza libertadora e tranquilizante da fé, devemos ser capazes de anunciá-la com a palavra e de mostrá-la com a nossa vida de cristãos", refletiu o Papa Bento.

O Papa disse que a recusa ou o rechaço das pessoas no mundo hoje não deve desalentar o apostolado dos fiéis: "Como cristãos, somos testemunhas deste terreno fértil: a nossa fé, mesmo nas nossas limitações, mostra que existe a terra boa, onde a semente da Palavra de Deus produz frutos abundantes de justiça, de paz e de amor, de nova humanidade, de salvação. E toda a história da Igreja, com todos os problemas, demonstra também que existe a terra boa, existe a semente boa, e dá fruto".

“A fé é dom de Deus, mas é também ato profundamente livre e humano. O Catecismo da Igreja Católica o diz com clareza: “É impossível crer sem a graça e os auxílios interiores do Espírito Santo. Não é, portanto, menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade e nem à inteligência do homem” (n. 154). Na verdade, as implica e as exalta, em uma aposta de vida que é como um êxodo, isso é, uma saída de si mesmo, de suas próprias seguranças, de seus próprios pensamentos, para confiar na ação de Deus que nos indica o seu caminho para conseguir a verdadeira liberdade, a nossa identidade humana, a alegria verdadeira do coração, a paz com todos”, afirmou.

Terminando sua alocução o Papa sublinhou que “Crer é confiar com toda a liberdade e com alegria no plano providencial de Deus na história, como fez o patriarca Abramo, como fez Maria de Nazaré”.

“A fé, então, é um consentimento com o qual a nossa mente e o nosso coração dizem o seu “sim” a Deus, confessando que Jesus é o Senhor. E este “sim” transforma a vida, a abre ao caminho para uma plenitude de significado, a torna então nova, rica de alegria e de esperança confiável”.

“Caros amigos, o nosso tempo requer cristãos que foram apreendidos por Cristo, que cresçam na fé graças à familiaridade com a Sagrada Escritura e os Sacramentos. Pessoas que sejam quase um livro aberto que narra a experiência da vida nova no Espírito, a presença daquele Deus que nos sustenta no caminho e nos abre à vida que nunca terá fim”, concluiu.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012


O ANO DA FÉ EXPLICADO ÀS CRIANÇAS

Criança – Há dias ouvi dizer que começou o Ano da Fé. O que é isso?

Adulto – O Ano da Fé é um tempo em que o Papa propõe, a toda a Igreja, para incentivar os cristãos a conhecerem melhor as razões da sua fé.

Criança – E porquê?

Adulto – Porque o Papa tem consciência de que muitas pessoas puseram Deus de lado e por isso não são felizes.

Criança – Também na minha escola já há muitos colegas que não vão à catequese, não frequentam as aulas de Moral, nunca falam de Deus e vivem como se Ele não existisse.

Adulto – Estás a ver como é preciso dizer às pessoas todas e, sobretudo aos adultos, aos pais, aos avós, aos padrinhos, aos irmãos mais velhos, que Deus nos ama muito, está connosco cada dia e quer que vivamos felizes.

Criança – É verdade, também eu me esqueço de Deus Pai, de Jesus e do Espírito Santo. Então, este ano, tenho possibilidade de crescer no conhecimento do Amor de Deus por toda a humanidade?

Adulto – Isso mesmo! Vejo que estás a compreender que o Ano da Fé é uma oportunidade para descobrir a alegria de acreditar em Deus e de encontrar a melhor forma de falar d’Ele às pessoas. O nosso Bispo, sabes como ele se chama?

Criança – Sei, é o Senhor D. Virgílio.

Adulto – Pois, o nosso Bispo escreveu uma carta a todos nós, a propósito do Ano da Fé, que tem como título: “A ALEGRIA DE CRER E O ENTUSIASMO DE COMUNICAR A FÉ”.

Criança – Uma carta escrita pelo Senhor Bispo para nós, deve ser interessante.

Adulto – Sabes, é que tal como o Papa também o nosso Bispo quer dizer a todos que “quem acredita em Jesus Cristo tem razões para viver alegre e feliz” (cfr carta Pastoral, pág 17).

Criança – E como vamos poder crescer no conhecimento de Jesus Cristo e na união com Ele?

Adulto – Ainda bem que fizeste essa pergunta. A Diocese programou vários momentos de oração, de estudo e de reflexão para conhecermos melhor Jesus Cristo e o seu Evangelho. São propostas interessantes e variadas para atingirem grande número de pessoas.

Criança – Há iniciativas para todos?

Adulto – Sim, para todas as idades: momentos de estudo e de reflexão, celebrações e tempos de oração na comunidade e na família. Um ano em cheio, para professar a nossa fé e poder dizer com toda a convicção o “CREDO”  isto é: “EU CREIO”

Criança - E nós, os mais novos, o que podemos fazer?

Adulto – Compreender a catequese e a Missa de Domingo como um encontro com o Senhor Jesus. Para isso é muito importante não faltar e participar com alegria e interesse.

Criança – Vamos a isso.

Adulto – Vamos, ó Jesus, podes contar connosco.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Diocese de Santiago de Cabo Verde
Acção pastoral para o Ano da Fé
LEMA: Promover, celebrar e transmitir com alegria a fé em Jesus Cristo

Considerações iniciais
A Diocese de Santiago de Cabo Verde está profundamente unida e grata ao Santo Padre Bento XVI por proclamar o Ano da Fé, que começa hoje, dia 11 de outubro, no quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Ecuménico Vaticano II, e terminará aos 24 de novembro de 2013, Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo.
Estando o nosso país a viver os efeitos de um mundo globalizado, com transformações sociais, culturais e económicas significativas; sendo evidente que o secularismo e o individualismo têm provocado alterações na estrutura de valores sociais e espirituais da nossa sociedade, o Bispo e os sacerdotes em missão nesta Diocese sentiram-se de novo interpelados e enviados por Jesus Cristo a ser instrumentos de fé, de vida e de esperança para todos.
Juntos queremos viver o Ano da fé como uma ocasião propícia para que os fiéis renovem a sua relação pessoal com Jesus Cristo, e para propor aos não crentes o encontro com Jesus, Salvador da Humanidade.
Neste sentido, e querendo dar a nossa colaboração na obra da renovação espiritual do nosso país, estivemos reunidos nos dias 10 e 11 deste mês, para traçarmos os objectivos e as acções que dinamizem a fé e dêem razões de esperança para todos neste Ano Santo.
Objectivos Gerais
- Favorecer a alegre redescoberta, a purificação e o testemunho renovado da fé em Jesus Cristo;
- Partilhar com todos aquilo que o cristão tem de mais precioso: Cristo Jesus,“autor e consumador da fé” (Heb 12, 2).

Objectivos específicos
1º Propor, reavivar e purificar a fé em Cristo enquanto encontro com uma Pessoa e não uma mera crença.
2º Apostar na formação dos fiéis leigos para o aprofundamento da fé católica (com base na Bíblia e nos textos do Magistério da Igreja) e na promoção de experiências marcantes de fé.
3º Propor com entusiasmo e alegria o encontro com Cristo Salvador aos não crentes e aos indiferentes, enquanto caminho de realização humana e de Salvação eterna.
4º Formar nos fiéis, em especial nas Famílias cristãs, a consciência missionária, isto é, viver e transmitir com entusiasmo, a própria experiência de fé através do diálogo criativo, mormente com o mundo académico, da arte, da cultura e da comunicação social.
ACÇÕES PASTORAIS PRIORITÁRIAS
A nível diocesano
1. Abertura do Ano da Fé e uma solene conclusão do mesmo para professar a fé no Senhor Ressuscitado na nossa Pro-Catedral.
2. Sessões de Formação sobre o Catecismo da Igreja Católica
3. Carta pastoral do Bispo diocesano sobre temas da fé e suas implicações na vida pessoal, familiar e social.
4. Organizar debates, simpósios, e tertúlias destinados a quantos estão em busca de um sentido para a vida, com a finalidade de apresentar a beleza da fé em Jesus Cristo.
5. Que o Secretariado Diocesano da Catequese e a Escola de Formação Cristã providenciem formação de Formadores no que diz respeito aos conteúdos específicos da fé.
6. Programar Formação para o clero com base nos Documentos do Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica.
7. Promover a mensagem cristã em todos meios de comunicação social.
A nível das paróquias

1.      Usar, quanto possível, os meios de comunicação social, e produzir folhas paroquiais, e desbobráveis etc, para uma catequese sistemática e orgânica sobre a fé.
2.      Visita às famílias para momentos de partilha da fé (oração, estudo bíblico...)
3.      Valorizar e organizar celebrações penitenciais comunitárias, dando a cada um a oportunidade de um encontro pessoal com o Deus que perdoa.
4.      Incentivar a celebração litúrgica da fé, com dignidade e beleza, em especial a Eucaristia, e valorizar outros sacramentos com maior participação do povo.
5.      Valorizar os sacramentais (bênçãos das casas, dos carros, etc.) e outras oportunidades para apresentar e incentivar a vivência da fé cristã.
6.      Formar os catequistas com a riqueza doutrinal do Catecismo da Igreja Católica.
7.      Empenho na difusão e estudo organizado da Bíblia, do concílio Vaticano II, do Catecismo da Igreja Católica, do youcat, livros sobre seitas e de outros subsídios formativos destinados à família.
8.      Empenho dos padres e dos membros dos Institutos de Vida Consagrada, a partir do próprio carisma, na nova evangelização, através do contacto e atendimento pessoal, familiar e momentos informais para falar da fé.
9.      Promover peregrinações a lugares evocativos da fé, dentro e fora  do país. A nível interno, valorizar os lugares habituais de romarias.
10.  Rezar o Credo nos encontros de grupos e em família.
11.  Visitar a Igreja paroquial e a Pia Baptismal para recordar o dom da fé e professá-la individual e comunitariamente.
12.  Promover momentos celebrativos ou ´Festivais da fé´ que incluam música, teatro e outras manifestações artísticas, enriquecidas com a apresentação de vídeos sobre actividades de evangelização e o recurso às novas tecnologias de comunicação.
Finalmente, queremos reafirmar que:
A fé “é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós e obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo”. (Cf. Bento XVI, Carta Apostólica Porta fidei, nº 15).
Como vossos irmãos na fé e animadores pastorais, apelamos a que reaviveis a chama da fé recebida no baptismo e a testemunheis comunitariamente, como dom de Deus. Aos homens e mulheres de boa vontade, exortamos a que estejam abertos a acolher Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

Praia, 11 de Outubro de 2012